Dunga jogava muito, mas guarda grande distância do Panteão dos Craques

Agora o Futeboletras tem o seu Túnel do Tempo. Trata-se de uma seção aberta aqui do lado direito do blog, que apresentará vídeos com gols, defesas e lances marcantes na história do futebol mundial. Na medida do possível, todo dia haverá um vídeo que nos remeterá ao passado, remoto ou não, do futebol: um belo gol, uma defesa espetacular, uma jogada de cinema, um tira-teima.

O vídeo que inaugura a seção apresenta os melhores momentos do jogo da Seleção Brasileira contra a Seleção de Camarões, durante a disputa da Copa do Mundo de 1994, nos EUA, vencido pelos canarinhos pelo placar de 3x0. A escolha deste vídeo tem o propósito de ilustrar o comentário que faço a seguir sobre a performance do atual técnico da Seleção em seus tempos de jogador. O assunto me veio à tona depois de ter lido uma matéria publicada por esses dias no site Globoesporte.com (para ler, clique aqui), com uma entrevista do ex-técnico da seleção inglesa, o sueco Sven-Goran Eriksson. Em sua declaração mais polêmica, Eriksson elogia Dunga, que foi um de seus comandados quando treinava o time da Fiorentina, como um grande jogador, cujo desempenho, em sua opinião, foi tão bom quanto ao do ex-jogador e craque Paulo Roberto Falcão, outro de seus comandados no tempo que era técnico da Roma.

Quem me enviou o link é um admirador confesso de Dunga, tanto quando era jogador quanto em sua atual função de técnico do selecionado nacional. Imagino sua alegria lendo a entrevista e já ansioso para apresentá-la como uma prova de que tem a razão diante dos que considera os detratores do Dunga jogador e do Dunga treinador. O que dizer depois da comparação feita pelo Sr. Ericsson, justamente o cara que treinou Dunga e Falcão, quando jogadores? Pelo visto, o sueco não deu uma opinião, mas sim um atestado e ponto final.

Não, não, não é bem assim. Não tem nada de atestado, é sim uma opinião, que como qualquer outra merece todo o nosso respeito. Sobre ela, A MINHA OPINIÃO concorda com a primeira parte, aquela que considera que Dunga foi um dos grandes jogadores do futebol brasileiro, que, infelizmente, não é corroborada por grande parte dos analistas de futebol no Brasil. Vinte anos depois daquela derrota do Brasil para a Argentina de Maradona e Caniggia, essa gente ainda faz ecoar as tenebrosas trombetas da chamada “Era Dunga”. Já passou da hora de se trocar o disco. Assistam replay de jogos passados nas duas décadas que Dunga jogou (anos 1980 e 1990), inclusive o Brasil e Argentina da Copa de 1990, acionem os mecanismos de busca do Youtube para encontrar vídeos como esse dos melhores momentos de Brasil e Camarões pela Copa de 1994. Não há como negar que, em campo, Dunga tinha um bom passe, uma competência admirável para marcar, roubando a bola e iniciando contra-ataques mortais, e, além de tudo, conseguia aliar seu bom futebol à coragem, valentia, garra e liderança. Tudo isso, fez dele um vencedor, mesmo que a opinião daquilo que chamamos de crítica especializada não reconheça isso. Poucos no futebol brasileiro reuniam ou reúnem as qualidades que ele tinha. Por isso, em campo, foi um vencedor e deveria ser referência para as novas gerações do futebol.

Apesar de pensar dessa forma, não posso concordar com a segunda parte da opinião do Sr. Ericksson. Uma coisa é reconhecer as qualidades e a eficiência do futebol de Dunga e seu importante papel nas conquistas da Seleção Brasileira e dos clubes que defendeu; mas daí compará-lo com craques da estirpe de um Falcão, aí é brincar com os fatos, porque, definitivamente, Dunga não foi craque com a bola no pé. Você pode até questionar o que é um craque, mas para isso será preciso alterar um consenso que vigora desde sempre no futebol mundial: craque é o jogador excepcional, dotado de genialidade, com uma técnica refinada, habilidade acima do comum no trato com a bola. É baseado nesta definição que jogadores como Pelé, Maradona, Cruyff, Zico, Rivelino, Romário, Beckenbauer, Puskas, Falcão, Ademir da Guia, Tostão, Garrincha, Riva, Zidane, Platini, Matthaus, Pedro Rocha, Francescoli e alguns outros estão lá no Panteão dos Craques. Infelizmente, Dunga não conseguiu alcançar um nível que o colocasse na história do futebol ao lado desses gênios da bola, porque, contrariando o Sr. Ericksson, suas diferenças técnicas em relação a Paulo Roberto Falcão são gritantes. Não é o fato de um ser campeão do mundo e outro não que essas diferenças são apagadas. A história do futebol está cheia de casos de craques que, infelizmente, não tiveram o gostinho de levantar uma Copa do Mundo, mas nem por isso deixaram de ser craques e reconhecidos como tais: Puskas, Zico, Platini, Cruyff, Di Stefano, só para citar alguns.

Comentários

Anônimo disse…
Existe uma contradição no comentário do Pedro sobre o Dunga, entre o penúltimo e o último parágrafo. Primeiro diz: “Poucos no futebol brasileiro reuniam ou reúnem as qualidades que ele tinha. Por isso, em campo, foi um vencedor e deveria ser referência para as novas gerações do futebol.” Depois fala: “Infelizmente, Dunga não conseguiu alcançar um nível que o colocasse na história do futebol ao lado desses gênios da bola, porque, contrariando o Sr. Ericksson, suas diferenças técnicas em relação a Paulo Roberto Falcão são gritantes.” O admirador do Dunga, é compadre do Pedro e não estava ansioso para mostrar o “atestado”. Ele apenas repetiu a tática usada alguns anos atrás para informar ao Seu Compadre que a sua afilhada havia passado no vestibular, ligou para toda a família solicitando o seu telefone, assim informou para todos o grande acontecimento. Eu não compartilho da opinião do Sr. Ericksson, por entender que o Dunga foi superior ao Falcão dentro de campo jogando pela seleção brasileira. Antes da copa do mundo de 1994 eu o comparei ao Gerson que também foi superior ao Falcão. Um abraço! João Evangelista

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