Luxemburgo, o supercampeão da arrogância
Vanderlei Luxemburgo é um caso à parte no futebol brasileiro. Entre os técnicos em atividade no Brasil, é o que ostenta o melhor currículo. Em quase três décadas de profissão, conquistou nada mais nada menos do que cinco títulos brasileiros, feito tão significativo que tem sido capaz de encobrir a falta de títulos internacionais ao longo de sua carreira. Conseguiu formar grandes times que primavam pela força do conjunto e comprometimento tático de seus jogadores e pelo futebol bem jogado e ofensivo. Curiosamente, Luxemburgo nunca chegou a ser uma unanimidade, um sonho de consumo do conjunto das torcidas dos grandes clubes brasileiros. É que a cada conquista deixava-se levar por uma empáfia que muitas vezes o colocava em rota de colisão com torcedores, atletas, dirigentes e imprensa esportiva, comprando polêmicas desnecessárias e improdutivas.
Não satisfeito com as glórias obtidas em campo, se envolveu com práticas que avançavam o sinal dentro do campo ético sendo alvo de graves denúncias como sonegação fiscal, falsidade ideológica e agenciador de jogadores para lucrar com a transferência destes, para as quais Luxemburgo nunca se preocupou em dar uma explicação convincente. Pelo contrário, preferiu se apoiar na desqualificação de seus denunciantes, numa imaginária inimputabilidade supostamente adquirida a partir de seus feitos como técnico e, principalmente, deixou aflorar sua marca maior: a arrogância.
No sábado, no Mineirão, após perder seu primeiro clássico estadual como técnico do Atlético Mineiro, Luxemburgo nos deu mostras dessa arrogância ao reagir com o gesto popularmente conhecido como “banana” às comemorações da torcida cruzeirense, que gritava seu nome e ironizava a torcida rival (veja o vídeo abaixo). Depois, junto a uma penca de microfones, foi se explicar: “A minha reação é porque eu sou Galo hoje. O futebol dá muita volta, estou nesse negócio há muito tempo. Eles têm de entender que depois que saí daqui não ganharam mais nada. Essa que é a grande verdade”. E ainda acrescentou: “Para eles fazerem alguma sacanagem comigo, tirarem sarro comigo, eles vão ter de ganhar”.
Se tivesse um pouquinho de hombridade e compostura, Luxemburgo simplesmente ignoraria as manifestações da torcida, até porque gozações fazem parte do imenso repertório do futebol. Entretanto, fez questão de responder às provocações, não na mesma moeda, mas com o pior de sua má-educação e soberba que lhes são tão características. De sua fala deduz-se que o fato do Cruzeiro não ter conquistado nada mais de relevante após a Tríplice Coroa de 2003 (estadual, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro) se deve simplesmente porque seu comandante técnico não se chamava Vanderlei Luxemburgo.
O interessante nessa manifestação é que depois de ganhar pelo Santos o Brasileirão de 2004, tal como o Cruzeiro, Luxemburgo não alcançou mais nenhum título de vulto e, desde então, vem colecionando fracassos atrás de fracassos. Nem mesmo foi capaz de aproveitar a melhor oportunidade de sua carreira que foi a de dirigir um grande clube europeu, o Real Madrid, em 2005. É um momento de clara decadência profissional. Há chances dele se recuperar? Com certeza. Quem sou eu para colocar em dúvida essa possibilidade? Mas para tanto existe uma condição: se durante o seu sucesso sua marca foi o da empáfia, na tentativa de driblar o seu ocaso terá que se deixar levar pela humildade, algo que ele ainda não sabe o que é.
Comentários
Esse Luxa, é mesmo um saco!
Orlando